segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Cascais: 100 ciclistas pedalam pelo «direito à estrada»

Cerca de cem pessoas, incluindo atletas de alta competição, participaram sabado, na Avenida Marginal de Cascais, num passeio de bicicleta destinado a reivindicar o «direito à estrada» dos ciclistas, vítimas frequentes de atropelamentos.

Apoiada pela Federação Triatlo de Portugal e pela Câmara Municipal de Cascais, a realização do «Encontro pela Segurança» foi a forma encontrada por Paulo Passos Leite, munícipe e praticante da modalidade, para mostrar a «indignação» de profissionais e amadores pelo acidente que deixou Marcelino Nunes em coma.

O triatleta do Clube de Futebol Andorinha foi atropelado a 01 de Dezembro passado, durante um treino de ciclismo em Santana, na ilha da Madeira, e ainda está hospitalizado, desconhecendo-se que sequelas poderá vir a sofrer.

«O atropelamento deveu-se, como quase sempre, à falta de respeito e civismo e foi isso que me motivou a fazer este protesto. Não tinha expectativas concretas em relação ao número de participantes, mas temos sempre esperança que cause algum impacto junto do público», afirmou Paulo Leite durante a concentração inicial dos participantes, junto ao recinto da Feira de Carcavelos.

Para o impulsionador da iniciativa, de participação livre, a solução para os «frequentes» atropelamentos de ciclistas nas estradas deve incluir uma maior punição dos automobilistas, mas passa, em primeiro lugar, pela consciencialização de que «as bicicletas têm direito à estrada».

À voz de Paulo Leite juntaram-se, entre outras, as de Sérgio Marques, atleta de referência no triatlo de longa distância a nível nacional e internacional, Anais Moniz, campeã mundial de triatlo júnior em 2006, e Sónia Lopes, vencedora de diversas maratonas de BTT, que trocou os treinos na Avenida Marginal pelas corridas nas estradas da Arrábida depois de «vários sustos».

Em 2006, na véspera da uma competição nacional, a atleta foi atropelada por uma viatura conduzida por um ex-ciclista e viu-se obrigada a desistir da prova, tendo estado também envolvida em outros incidentes que poderiam ter originado lesões graves.

«A Marginal é um dos locais mais críticos. É um dos melhores para treinar, porque o nosso treino exige 'fazer estrada' para ganhar resistência, mas é também muito perigoso, porque muitos carros circulam em excesso de velocidade e passam os sinais vermelhos», explicou à Lusa após o passeio, que durou cerca de uma hora.

«Na Arrábida não se conduz a tanta velocidade, mas sempre que estou na bicicleta ando com medo», lamentou.

Sónia Lopes apelou ainda para a necessidade de serem realizados mais eventos semelhantes ao «Encontro pela Segurança», de preferência mais «agressivos», com mais publicidade e que não se limitem à organização de passeios em família, que contam já com as ciclovias.

«O que precisamos é de mudar mentalidades. É difícil, muito difícil, mas é possível», afirmou.

Diário Digital / Lusa

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