quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A próxima aventura...

No período do Carnaval o Btt Margaride Team irá efectuar mais dois Caminhos de Santiago: O Caminho Inglês e o Caminho de Finisterra. Assim nos dias 18, 19 e 20 de Fevereiro iremos percorrer estes trilhos seculares começando na cidade de Ferrol em direcção a Santiago onde termina o Caminho Inglês e de seguida continuaremos pelo Caminho de Finisterra em direcção ao Atlântico! Estejam atentos a mais esta travessia...


O denominado Caminho Inglês é uma das rotas marítimas jacobeias que se utilizava na Europa medieval.

Uma vez em terra, ambas as alternativas confluem na paróquia de Bruma, pertencente ao município de Mesía, e chegam a Compostela depois de atravessarem terras de Cambre, Carral, Mesón do Vento, Ordes e Oroso, entre outras.l para alcançar Compostela. Peregrinos procedentes dos países escandinavos, dos Países Baixos, do norte de França e principalmente da Inglaterra,

Irlanda e Escócia chegavam por barco ao norte da Espanha, entrando na Galiza pelos portos de Ribadeo, Viveiro, Ferrol ou A Coruña. Estes dois últimos portos, situados num amplo golfo que os romanos denominaram Portus Magnum Artabrorum, consolidaram-se tradicionalmente como os pontos de partida das duas rotas alternativas do Caminho Inglês. Os navegantes chegavam a porto guiados pelo feixe de luz da Torre de Hércules, farol romano declarado Património da Humanidade em 2009.

Existem testemunhos documentais de peregrinações desde os países nórdicos ou das ilhas britânicas a partir do séc. XII. Assim, em 1147 desembarcou no porto de A Coruña uma esquadra de Cruzados que, no seu caminho para a Terra Santa e antes de tomar parte na conquista de Lisboa em apoio ao primeiro rei de Portugal na sua luta contra os árabes, fizeram escala em Santiago para visitar o sepulcro do Apóstolo.


Entre os anos 1154 e 1159 um monge islandês chamado Nicolás Bergsson deixa constância escrita do primeiro itinerário marítimo desde a Islândia até o canal de Kiel, na fronteira entre a Dinamarca e Alemanha, e desde aqui a pé até Roma, a caminho de Jerusalém. A partir de então esta será a rota seguida pela maior parte dos peregrinos procedentes dos países nórdicos no seu caminho até Santiago.

Posteriormente, durante a Guerra dos Cem Anos (séc. XIV - XV), foram os britânicos os que utilizaram os seus navios para chegar a Santiago; da sua presença dão testemunho as moedas e peças de cerâmica encontradas durante as escavações realizadas na catedral.

Outro facto que evidencia a importância da peregrinação britânica é a doação de oferendas tão importante como um retábulo portátil de alabastro, que reproduz cinco cenas da vida do Apóstolo Santiago, e que foi cedido à catedral pelo clérigo John Goodyear em 1456.

A origem dos peregrinos que percorriam esta rota é também documentada pelos registos de defunções que se recolhiam nos arquivos das capelas e cemitérios dos mosteiros e hospitais do caminho, entre os quais se destacam os pertencentes à Ordem Hospitalária do Sancti Spiritus, a que se somou a partir do séc. XIV a Ordem Franciscana.


O Caminho de Fisterra-Muxía é a única rota jacobeia com origem em Compostela.

Apesar do Caminho como tal finalizar na cidade de Santiago, a peregrinação não termina em Compostela. Desde a mais remota antiguidade, todos os povos e todos os viajantes que se aproximaram deste recanto ocidental da Europa tiveram vontade de prosseguir na senda do sol, de chegar ao fim da terra, para contemplar a imensidão do infinito e ver o sol penetrar nas águas do mar. Alguns peregrinos decidiram, já nas suas origens, prolongar a sua peregrinação até à Costa da Morte, o último reduto de terra conhecida naquela altura, transformando um itinerário assinalado no céu pela Via Láctea no percurso final da sua viagem.

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