quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Passeio na Linha do Corgo

No próximo domingo, o Btt Margaride irá percorrer de bicicleta a antiga "Linha do Corgo".

A via utilizada é de Bitola métrica. Supera um desnível de 370 metros nos 25 quilómetros entre a Régua e Vila Real, serpenteando o vale do Rio Corgo, sendo famosas as histórias passadas no "U" de Carrazedo, onde a linha contorna um vale antes de atingir a estação. Com a reduzida velocidade do comboio, muitos se aventuraram a sair dele, e a apanhá-lo mais à frente. A linha possuía outro "U" na rampa entre Loivos e Oura, actualmente sem tráfego ferroviário, levando o comboio a vencer numa pequena distância um grande desnível, apenas possível neste formato dada a grande restrição de inclinação na via-férrea. Foi o primeiro traçado de via estreita construído e explorado pelo Estado Português e actualmente, a linha encontra-se encerrada...

Planeamento, construção e inauguração

Este itinerário foi garantido, anteriormente, por um comboio ligeiro (um americano), numa via de 900 mm de bitola e uma extensão de 26 km[1], muito semelhante aos actuais metros de superfície; eram comboios que implicavam menos investimento quer na instalação, quer na exploração, já que as linhas férreas eram substancialmente mais simples, aproveitando, tipicamente, traçados de estradas já existentes. Com efeito, este americano utilizava o eixo da actual EN2 (Régua-Santa Marta de Penaguião-Vila Real), e esteve ao serviço entre 1875 e 1876 com veículos carrilados, mas de tracção animal. A linha foi suportada, em parte, pela Companhia Vinícola de Portugal, a operar na região do Douro, que iria à falência mais tarde, pressionada pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses. Foi esta companhia a responsável pela introdução de um «vagão a vapor» que consistia basicamente num conjunto articulado de duas locomotivas de montanha e uma plataforma de carga.

Encerramento para remodelação

A linha encerrou a 25 de Março de 2009, segundo a operadora Rede Ferroviária Nacional, por questões de segurança. No entanto, esta entidade espera reabrir a linha à circulação em 2011, tendo, em Novembro de 2009, iniciado um estudo às populações entre Vila Real e Régua; este estudo pretende reconhecer as necessidades das populações, de forma a ajustar o futuro funcionamento da linha.
Nesse ano, a então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, anunciou que iriam ser investidos 23,4 milhões de euros em obras de reparação da linha, prevendo que estariam terminadas antes do final de 2010.
Em finais de 2009, terminaram as primeiras fases desta intervenção, que consistiram na retirada de carris e de travessas e alterações na plataforma de via; em seguida, a Rede Ferroviária Nacional iniciou a criação de vários projectos de geotecnia, de drenagem e de via. Esta aparente paragem nos trabalhos provocou, no entanto, alguns receios entre as populações e autarcas locais. Além disso, e como previsto, esta entidade iniciou, em 2010, um programa de inquéritos nos principais pontos de atracção e geração de viagens, nas escolas, e aos utentes dos transportes públicos rodoviário e ferroviário, por forma a reconhecer os padrões de mobilidade das populações abrangidas; esta informação foi, posteriormente, analisada, de forma a preparar soluções de transporte integrado rodoviário e ferroviário.
Em Abril do mesmo ano, a Assembleia Municipal de Vila Real, presidida por Pedro Passos Coelho, aprovou uma moção, exigindo ao governo que se inicie a segunda fase nas obras da Linha. Luís Pedro Pimentel e António Cabeleira, deputados do Partido Social Democrata, entregaram um requerimento na Assembleia da República, por forma a que o governo informe sobre as datas de reinicio e conclusão de obras, e se a Linha estará requalificada e reaberta até Setembro de 2010, como havia sido prometido anteriormente pelo Ministro das Obras Públicas.
Em Julho, a Rede Ferroviária Nacional decidiu suspender, entre outros investimentos, o projecto de reabilitação da Linha do Corgo, de acordo com as directrizes do Plano de Estabilidade e Crescimento, que prevê restrições orçamentais e o combate ao endividamento público.

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